sexta-feira, 22 de junho de 2007

Amantes e Outros Nomes de Família













Maria do Rosário Pedreira | Maria João Seixas
| Aldina Duarte

Ela disse-lhe: Temos, definitivamente, que nos conhecer melhor e só os grandes espíritos nos podem iluminar o caminho." Maria João Seixas (via AldinaDuarte)

E foi isso que aconteceu. Ontem à noite. Nas Quintas de Leitura. Maria João Seixas foi convidada a conversar com a poetisa Maria do Rosário Pedreira. Encantaram.

Maria João Seixas encantou pelo discurso, pela partilha da sua visão de poesia e sobretudo pela forma cativante como dialogou com a poetisa e com a audiência. Dela, ficou a frase: "é a poesia que escolhe o poeta". Sem dúvida uma das mulheres mais inteligentes, interessantes e charmosas do nosso país.

Maria do Rosário Pedreira encantou pelos poemas que partilhou, poemas que desvendaram as palavras que a sua timidez não deixou fluir. Não conhecia a sua poesia. Gostei, muito.

E no final cantou-se o fado. Aldina Duarte subiu ao palco e deliciou quem a ouviu. Trouxe-nos fados originais, com letra escrita por si, cantados com uma voz forte e de uma extrema doçura. E trouxe-nos o maravilhoso som da guitarra portuguesa. O último fado foi escrito pela Maria do Rosário Pedreira. Lindíssimo. Que bom é ouvir um bom fado!

Com este poema partilho um pedacinho da noite de ontem:

"Não tenhas medo do amor. Pousa a tua mão
devagar sobre o peito da terra e sente respirar
no seu seio os nomes das coisas que ali estão a
crescer: o linho e genciana; as ervilhas-de-cheiro
e as campainhas azuis; a menta perfumada para
as infusões do verão e a teia de raízes de um
pequeno loureiro que se organiza como uma rede
de veias na confusão de um corpo. A vida nunca
foi só Inverno, nunca foi só bruma e desamparo.
Se bem que chova ainda, não te importes: pousa a
tua mão devagar sobre o teu peito e ouve o clamor
da tempestade que faz ruir os muros: explode no
teu coração um amor-perfeito, será doce o seu
pólen na corola de um beijo, não tenhas medo,
hão-de pedir-to quando chegar a primavera."

Maria do Rosário Pedreira

15 comentários:

S. disse...

Fiquei com desejo de mais...

tsiwari disse...

Tb gostei delas.

mas...

Maria João Pires????

verde disse...

tsiwari....oops, era Maria João Seixas, obviamente. Duas mulheres brilhantes, mas em campos diferentes. Devo andar com saudades de ouvir um bom concerto de piano. já está corrigida a gralha :)

tsiwari disse...

Aquando do concerto em Belgais, após o incêndio, pus ouvê-la (à Pires)... e concordo contigo...acho que já está na altura de matar saudades do seu virtuosismo ;))


abraço

Anónimo disse...

E a performance inicial?
TRanscrevo o descrito no primeiro de Janeiro:
"O habitual momento de performance será assegurado pela dupla lisboeta João Galante e Ana Borralho que vão apresentar, em estreia nacional, a sua peça «Uníssono».
A performance explora a relação que o corpo social contemporâneo promove com o corpo biológico, colocando, agora, no centro das atenções a barreira/relação entre os performers. Importa identificar e definir os limites do controlo sobre o próprio corpo; e da arte com os códigos que governam a sociedade."

?????????????????????????????????

verde disse...

m: eu não consegui mesmo comentar a performance inicial. Ela aconteceu, de facto mas...o que dizer?! Passo a descrever a dita. Entram na sala dois actores/performers. Sobem para uma mesa e ficam de joelhos em cima da mesa. Colocam cada uma espécie de microfone no pescoço, aproximam-se e ficam juntos, de joelhos, frente a frente. Beijam-se durante 10 a 15 minutos. Durante o beijo ouvem-se sons que não se percebem bem...um misto de respiração e não se sabe bem mais o quê. A certa altura num ecran ao lado deles aparece uma imagem de fogo de artifício, eles continuam a beijar-se ao som de uma area de ópera. Eu não gostei. Por isso não comentei...nem sabia bem o que dizer. Beijos há muitos :) e aquele foi, na minha opinião demasiado prolongado, pouco apaixonado e sinceramente...estar simplesmente a ver duas pessoas a beijar-se não é muito interessante :))))))

Foi, na minha opinião o pior momento da noite. Muito fraquinho, mesmo.

Tsiwari diz de tua justiça. Achei curioso que no teu blog também não havia uma apreciação da performance...

tsiwari disse...

Ora bem... há alturas na vida em que se aceita tudo, em que se entende as provocações artísticas, em que se quer mudar o mundo e ferir mortalmente o marasmo instalado.

Nesta quinta-feira... senti-me a envelhecer. Já nada me convence só pelo facto de ser novo, ousado ou (pseudo)artístico.

Não gostei do Uníssono. Incomodou-me, inclusivamente. Acho que estou a ficar velho...

verde disse...

Pseudo-artístico define bem o que eu achei do Uníssino. Eu gosto de provocações artísticas, mas que tenham qualidade. É sempre complicado avaliar estas questões...A Maria João Seixas fez uma descrição interessante do Uníssono, de quem gostou (mas também, esse era o papel). Para mim não teve qualidade e pronto. Arte que é arte tem um impacto em quem assiste. Achei que não tinha qualquer razão de ser. Um beijo pode ser tão bem descrito...no final só pensei: beijar pode ser uma seca, blharrrrk. Ora, acho que este não deveria ser o intuito, até a julgar pela área de ópera que acompanhou o dito...grandiosa, impetuosa.

E Tsiwari, não me parece que não gostar daquilo seja um sinal de envelhecimento. Á medida que consumimos mais arte e cultura tendemos é a aprender o que de facto tem, para nós, qualidade. Longe dos pseudosísmos que na adolescência marcam.

Como diria a Maria, veja-se o filme "A eterna Juventude" (fantástico) que bem descreve o apupar do pseudosísmo. Maria, pronuncia-te :))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))

maria disse...

Provocadora.....:)ainda os poemas do "Gato" :)
Desta vez não fui " às quintas"..há quem trabalhe,pois!
Tudo tem uma época e um timing. Por vezes são as "pseudo" que abrem portas a novas manifestações de arte!
Quanto à " Melhor Juventude" , para mim foi delicioso visualizar a cena em que um fulano magrinho de ar sebento declama poemas "tipo gato",rodeado de rendidos à "intelectualíssima poesia" ( e relembrar, com o mesmo olhar ternurento que ressalta no filme), que um dia já fiz a mesma figura...eheheh.
Quanto à perfomance, sem assistir,sei que é pseudo,porque a sensibilidade da verde é me bem conhecida:)

Anónimo disse...

GOSTO DELAS TODAS!

maria disse...

Cheguei aqui pelo comentário. Na minha opinião Maria João Seixas é muito forte para Maria do Rosário Pedreira. Maria João Seixas enche, por si só uma sala e ultrapassa as paredes da sala com a sua presença avassaladora, inconfundível. Maria do Rosário Pedreira é intensa para quem a lê... na sua aparente fragilidade, quando lida é uma interprete da poesia, como diz Maria João a poesia escolheu-a e ela é a sua voz. Foi um programa extremamente interessante e equilibrado mesmo na famosa performance que nos apanhou desprevenidos. Bom, muito bom!

Inês disse...

que poema maravilhoso...***

paulo,sj disse...

Bom dia!

Devo estar na adolescência sob o aspecto artístico... :)

Mas como a Verde comentou no blog onde escrevo, é bom gostarmos de coisas diferentes. Cá está, o que vemos é mais do que a objectividade do que está a acontecer... Uns porque já viram muito, outros porque viram pouco.

Agora a poesia, de alguma forma, unificou aquela sala.

Vou voltar a visitar este blog! :)

verde disse...

Bem-vindo Paulo e bem-vinda Maria (a segunda Maria deste blog..isto vai ficar confuso!:))!Foi uma noite muitíssimo bem passada.

Turista Ocasional disse...

Recebi por email este link hoje.


http://www.youtube.com/watch?v=X5bQx-jUDFw&mode=related&search=

Quando cliquei, o vi e ouvi lembrei-me dos comentários deste post ao "Uníssino" dada a forma como o video começa. Não vi o "Unissono", mas a avaliar pelos comentários de quem presenciou presumo que o contexto seja bastante diferente.

De qualquer forma, para quem tenha curiosidade copie o link e descubra se existem ou não semelhanças.