quinta-feira, 12 de julho de 2007

escrevi este texto há cerca de 1 ano, para um outro blog em que participava. um ano depois volta a fazer sentido o que escrevi, por isso resolvi "re-postá-lo".

























Rita Magalhães | AUSÊNCIA 1 | (serie AUSÊNCIA), 2003.
Lambda durst print. 75 x 50 cms. Edición 2 de 5.

"em certos momentos da vida, não em todos, tudo parece ter uma dinâmica diferente. como se de repente o mundo revelasse o seu lado mais subtil. sentimos que esse mundo está sempre lá, talvez nem sempre tenhamos é a predisposição para o apreciar, para o sentir. o fenómeno das coincidências é um desses lados subtis.

primeiro convem perceber o que é isso de uma coincidência. que coincidência é diferente de acaso. que um acaso acontece sem sentido, uma coincidência é algo que acontece mas não por acaso. como por exemplo encontrar uma pessoa com quem se sonhou e já não se vê há muito tempo e ela/e transmitir algo de relevante ou conhecer pessoas que nos falam de situações que estamos a viver e nos trazem uma nova perspectiva das coisas. no minimo as coincidências são situações divertidas, mas podem ser mais do que isso…

segundo as teorias da nova era as coincidências trazem mensagens que potenciam a evolução individual. carl jung chamava a este processo sincronicidade, ou “efeito do arquétipo mágico”. de qualquer modo parece ser geralmente aceite que a consciência da coincidência permite ao homem uma harmonização com o mistério do universo, seja ela um acontecimento aleatório ou uma resposta a uma pergunta inconsciente."

há um ano resolvi ir comprar o último livro do paul auster – “loucuras em Brooklyn” –e descobri um outro livrinho do mesmo autor “o caderno vermelho”. nele, paul auster anotou algumas das coincidências mais engraçadas da sua vida. há um ano comprei um caderninho porque as coincidências pareciam suceder-se na minha vida, especialmente naquele momento. um ano depois interessantes coincidências voltam a acontecer, por isso apeteceu-me voltar a escrever este post. é engraçado este fenómeno das coincidências. faz-me sentir que estou de facto no sítio certo, a conhecer as pessoas que devia conhecer, a viver as situações que devia viver, no momento certo.

curiosamente neste exacto momento estou-me a aperceber que as coincidências de há um ano, que me fizeram comprar o caderninho, estão intrinsecamente ligadas com as coincidências que esta semana sucederam e que me fizeram relembrar este post.... a vida tem coisas....

10 comentários:

Anónimo disse...

nada acontece por acaso...

sfm disse...

True, true, true! So true! Às vezes não é no imediato que percebemos o porquê daquelas coincidências nem onde elas nos vão levar, é preciso TEMPO. Esse sábio companheiro do ser humano que nos ajuda a vencer etapas, a quebrar barreiras, a viver, a olhar para o futuro com a magia das crianças e a relacionar acontecimentos, factos, pessoas.
Gostei do post;)

maria disse...

a autora titulou-a de ausência, não a designaria assim....
Uma figura feminina abrindo a porta à luz, à esperança.
Como tu,verde,tornando mágica a vida, vibrando com o belo.
gostei do post, sério:)

verde disse...

:) ainda bem que gostaram do post! Estas fases de coincidências são mesmo giras...vamos ver as que se seguem :)

Anónimo disse...

Olá Verde. Olá Roxo. Em primeiro lugar quero felicitá-los pela óptima ideia do jantar, pela magnífica escolha do restaurante (um abraço meu ao Nuno) e pelas saborosas coincidências. Infelizmente não poderei juntar-me à festa. Pequenos grandes assuntos me preenchem as prioridades. Agradeço o convite do fundo do coração, certa que outras oportunidades surgirão. até porque sei que costumam frequentar as Quintas de Leitura ou, eventualmente, brindar a CGD com a vossa presença estou certa que quererá o destino que nos viremos a conhecer. Tudo é uma questão de tempo ou talvez não.
Quanto ao Post que agora comento concordo inteiramente com (o) Verde. Quando era ainda mais nova, li e estremeci com cada palavra de um best-seller da altura «Profecia Celestina» que romanceava sobre este assunto até à exaustão. Delirante. Nunca um livro me levou a tantas partilhas e conversas. (Nota importante: nunca li a décima profecia nem alguns manuais práticos publicados entretanto por absoluta decisão minha. Talvez para não estragar o encantamento).
Com o livro do caderno do Paul Auster também tive a mesma vontade. Mas mais uma vez o tempo arrasou o meu projecto. Coincidências a mais para tão pouco tempo e espaço. Com o mais recente, que me lembro ainda começar com uma frase deste género: «Mudei-me para Brooklyn para morrer.» as coincidências atingiram patamares inimagináveis mesmo na minha fabulosa imaginação. Mas essa é uma longa história. Verdadeira mas longa. E o tempo... continuarei a visitar-vos. Abraço.

verde disse...

Pat, li a "Profecia Celestina" numa época de exames, algures no meu segundo ou terceiro ano de curso. Fiquei tão absorvida pelo livro que tirava 10 mts em intervalos de estudo só para ler mais um bocadinho. Foi um livro que mudou a minha forma de ver a vida. Também não li os outros livros dele, talvez pelo mesmo motivo que descreves.

O que me encanta nos livros do Paul Auster é a forma como as coincidências fazem desenrolar a vida das personagens. É um dos meus escritores contemporâneos preferidos. Sempre que sai um novo livro compro e delicio-me. Desde Mr. Vertigo, Música do Acaso....adoro o tipo de escrita dele.

Que pena não vires ao jantar. Mas haverá mais. Não vamos deixar estes acontecimentos ao sabor das coincidências da vida...às vezes tb há que tomar as rédeas :))))))

Joe disse...

Há alguns anos era verdadeiramente obcecado por esta cena dos acasos e das coincidências, as pequenas coisas que podiam nunca ter acontecido e mudam a nossa vida de repente, as pequenas empatias que se criam com os outros porque sim (como podia ter sido porque não), as coisas que podiam ter acontecido mas que por acaso nunca aconteceram. Claro que nessa altura devorava tudo o que havia do Auster, o mestre do acaso. Provavelmente o que mais me marcou foi a Trilogia de NY. Hoje confesso que estou ligeiramente cansado do estilo do homem.
Há um filme, aliás dois filmes do Alain Resnais, chamados "Smoking" e "No smoking", que levam o conceito ao extremo. Ambos estão estruturados por hipóteses/encruzilhadas, com enredos alternativos que seguem num ou noutro sentido consoante os personagens tomem, a cada momento, uma dada opção. Gostando-se, é fascinante; não se gostando deve ser uma seca de morte. Eu gostei muito. Na casa das artes exibiam-nos em dias alternados, e eu fui ver um num dia à noite e o outro na 1ª sessão da tarde seguinte. Bons tempos, em que havia vida para isso... :)

x disse...

penso muitas vezes em coincidências, às vezes sinto que penso demais, outras que penso de menos...sei lá...sabe bem! não sei se é o facto de não as perceber ou simplesmente de as questionar... o texto está muito bonito.adorei.

verde disse...

Eu acredito mesmo nas coincidências e em como certas coiss não são mero acaso. Apesar de achar que existe livre arbítrio e que podemos mudar a nossa vida através das escolhas que vamos fazendo, sinto que as situações e pessoas que se cruzam na nossa vida não são um mero acaso. Essas situações e pessoas aparecem para nos fazer crescer num determinado sentido, para nos fazer ver novas perspectivas de vida, que nos farão caminhar no sentido de nos tornarmos um bocadinho melhores. Já vivi coincidências verdadeiramente assombrosas e que me fizeram mudar completamente o rumo de vida. Acho maravilhoso e misterioso este fenómeno. E gosto do nome que Jung lhe atribuiu "efeito do arquétipo mágico"...torna tudo ainda mais misterioso:)

Quanto aos dois filmes do Resnais, Joe, ainda não vi. Mas obrigada pela dica....vou vê-las mal possa!

P disse...

Pois é... as coincidências... ainda há pouco tempo estive às voltas com uma delas... Faz tudo parte da vida, se calhar.
Abraço